A teleconferência lembra a videoconferência. Mas lembra mais ainda a televisão que
conhecemos, com suas nuances, cores, movimentos e recursos.
Apesar das limitações características do sistema de televisão atual, a perda só
ocorre para a qualidade do cinema. Porém, como todos os telespectadores tem como padrão
o que vemos hoje na TV, as perdas são imperceptíveis ao leigo. Por isso podemos
considerar ser sons e imagens de alta qualidade.
A teleconferência utiliza exatamente os mesmos equipamentos da televisão para aulas a
distância. Câmeras profissionais, videotapes de qualidade, equipamentos de transmissão
também de alto padrão. A qualidade técnica é preservada desde a captação de som e
imagem, produção de corte e efeitos até a transmissão.
A estrutura básica para uma captação de sons e imagens para teleconferência é formada
por câmeras com resolução igual ou superior a 650 linhas horizontais, switcher de corte
e efeitos com monitores de alta definição, controles para correção de vídeo e cores,
mixer de áudio de baixo ruído, videotape padrão Super-VHS ou melhor e a monitoração
das imagens pelo público pode ser em televisor ou telão.
Dependendo da teleconferência, o sistema de transporte do sinal pode ser via cabo, como
da rede de TV a Cabo, por sistema de microondas, que interligam dois pontos diretamente,
ou utilizando a rede terrestre de microondas da Embratel ou mesmo o sistema de satélites
de comunicação nacional ou internacional.
O que vai determinar qual meio a ser utilizado para o transporte do sinal será o próprio
objetivo da aula.
Se o objetivo é atingir muitos alunos simultaneamente por todo o Estado ou mesmo todo o
país, basta que os alunos tenham uma antena parabólica apontada para o satélite
brasileiro de comunicação e sintonizem o canal previamente especificado. Uma antena
parabólica com receptor custa hoje em torno de R$ 400,00 (quatrocentos reais).
O canal de satélite deve ser reservado com antecedência junto a Embratel, uma vez que
temos poucos horários disponíveis. Mesmo com todos os avanços tecnológicos, os
sistemas de satélites para TV estão saturados.
Ainda no caso da aula via satélite, a interatividade se dá através de canal de voz,
telefone, fax ou Internet. A escolha do formato dependerá do objetivo esperado quanto à
participação dos alunos. O sistema telefônico é o formato mais barato que permite a
interatividade em tempo real. O fax e a Internet permitem a participação dos alunos para
realização de perguntas, mas inviabiliza discussões.
A estrutura para geração de sons e imagens será praticamente a mesma, independente do
meio escolhido para tráfego do sinal. É o formato mais dispendioso porém é o que
permite a maior participação de alunos e viabiliza a exibição de qualquer material
como recurso didático.
Este sistema está sendo muito utilizado em aulas de medicina onde profissionais realizam
cirurgias no centro cirúrgico em vários hospitais e sons e imagens são gerados à
distância para auditórios em Centros de Convenções para públicos que variam entre
duzentos e dois mil alunos, dependendo do curso.
Mesmo em auditórios distantes as perguntas aos professores no centro cirúrgico são
realizadas em tempo real.
No decorrer desta pesquisa, acompanhei diversos cursos deste porte e considero valioso
relatar pelo menos dois, um interligando Brasil e França e outro interligando Brasil e
Washington, que por sua vez estava interligando França, Bélgica, Itália, Austrália e
Canadá.
No Curso Internacional de Endoscopia Digestiva, cirurgias que estavam sendo realizadas ao
vivo no hospital Alma Clinic de Paris foram transmitidas para o Hospital Albert Einstein
em São Paulo. Cirurgias também ocorriam no centro cirúrgico do Einstein que eram
transmitidas para Paris, onde em um auditório professores de vários países acompanhavam
sons e imagens. Professores no auditório do Einstein, em São Paulo, também acompanhavam
as cirurgias, cujas técnias eram novas e estavam sendo ensinadas aos médicos
brasileiros. A interligação entre Brasil e Paris foi realizada através de dois
satélites internacionais.
Este conjunto de sons e imagens eram gerados também para o satélite brasileiro BrasilSat
1, que por sua vez era recebido por auditórios montados em hotéis em oito capitais
brasileiras, incluindo Porto Alegre, Curitiba, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife,
etc.
Nestes auditórios os alunos assistiam tanto as imagens geradas pelo Alma Clinic em Paris
quanto as imagens geradas no Albert Einstein em São Paulo. E todos participavam fazendo
perguntas e participando de discussões. Um Professorno centro cirúrgico do Alma Clinic
executava a cirurgia e narrava as explicações; outro grupo de professores, no auditório
de um hotel distante do hospital, em Paris, viam as imagens e participavam das
discussões; em São Paulo, no Hospital Albert Einstein, outro grupo de professores
assistiam as cirurgias e também participavam das discussões; todo esse conjunto de sons
e imagens, agora adicionadas com as imagens do Einstein, era gerado via satélite
brasileiro para todo o Brasil e recebido nos auditórios em várias capitais. Os médicos
em Recife, Belo Horizonte ou Porto Alegre dirigiam suas perguntas para os professores em
Paris, que respondiam em tempo real.
Neste curso dois continentes viam-se e discutiam como se os professores e alunos
estivessem todos em uma sala de aula presencial.
Outro curso que acompanhei foi centralizado em Washington - USA. Foi montado o Curso do
TCT (Sociedade Internacional de Hemodinâmica e Cardiologia), no Washington Convention
Center. Nos auditórios foram distribuídos quase 10.000 (dez mil) médicos de vários
países para assistirem aulas com técnicas cirúrgicas diferenciadas, desenvolvidas em
diversos países, afim de comparar e estabelecer padronização mundial para determinados
procedimentos.
França, Bélgica, Itália, Austrália, Canadá e Brasil participaram gerando sons e
imagens das cirurgias.
No Brasil, foi montada uma estrutura de transmissão de TV nos setores de Hemodinâmica e
Cardiologia com pacientes sendo operados ao vivo. Os sons e imagens foram gerados para
Washington por um Up-Link (1)
apontado para um satélite internacional. Este sinal era captado por uma antena
parabólica apontada para o mesmo satélite e sintonizado na mesma freqüência. O áudio
retornava de Washington via canal de voz internacional o que viabilizou perguntas e
respostas ao vivo e em tempo real.
As imagens e sons gerados pelo Brasil eram projetados em telões nos diversos auditórios
do Washington Convention Center em conjunto com as imagens e sons das cirurgias geradas
pelos outros países.
O Curso atingiu os objetivos traçados.
Estes cursos à distância foram possíveis graças à tecnologia disponível para a
teleconferência, que reúne as características e recursos para viabilização deste
processo.
Pudemos observar que muitas possibilidades tecnológicas existem, estão disponíveis e
cada qual atende a objetivos específicos. Logo, devemos pensar os conteúdos didáticos,
o público desejado, para então escolher qual o melhor recurso tecnológico para
aplicação na educação.