APLICAÇÃO DOS RECURSOS TECNOLÓGICOS NA EDUCAÇÃO

 

home
Índice

 

2 - As tecnologias e a Educação à Distância

       2.9 - .Teleconferência via cabo, via microondas ou via satélite

                 A teleconferência lembra a videoconferência. Mas lembra mais ainda a televisão que conhecemos, com suas nuances, cores, movimentos e recursos.

                 Apesar das limitações características do sistema de televisão atual, a perda só ocorre para a qualidade do cinema. Porém, como todos os telespectadores tem como padrão o que vemos hoje na TV, as perdas são imperceptíveis ao leigo. Por isso podemos considerar ser sons e imagens de alta qualidade.

                 A teleconferência utiliza exatamente os mesmos equipamentos da televisão para aulas a distância. Câmeras profissionais, videotapes de qualidade, equipamentos de transmissão também de alto padrão. A qualidade técnica é preservada desde a captação de som e imagem, produção de corte e efeitos até a transmissão.

                 A estrutura básica para uma captação de sons e imagens para teleconferência é formada por câmeras com resolução igual ou superior a 650 linhas horizontais, switcher de corte e efeitos com monitores de alta definição, controles para correção de vídeo e cores, mixer de áudio de baixo ruído, videotape padrão Super-VHS ou melhor e a monitoração das imagens pelo público pode ser em televisor ou telão.

                 Dependendo da teleconferência, o sistema de transporte do sinal pode ser via cabo, como da rede de TV a Cabo, por sistema de microondas, que interligam dois pontos diretamente, ou utilizando a rede terrestre de microondas da Embratel ou mesmo o sistema de satélites de comunicação nacional ou internacional.

                 O que vai determinar qual meio a ser utilizado para o transporte do sinal será o próprio objetivo da aula.

                 Se o objetivo é atingir muitos alunos simultaneamente por todo o Estado ou mesmo todo o país, basta que os alunos tenham uma antena parabólica apontada para o satélite brasileiro de comunicação e sintonizem o canal previamente especificado. Uma antena parabólica com receptor custa hoje em torno de R$ 400,00 (quatrocentos reais).

                 O canal de satélite deve ser reservado com antecedência junto a Embratel, uma vez que temos poucos horários disponíveis. Mesmo com todos os avanços tecnológicos, os sistemas de satélites para TV estão saturados.

                 Ainda no caso da aula via satélite, a interatividade se dá através de canal de voz, telefone, fax ou Internet. A escolha do formato dependerá do objetivo esperado quanto à participação dos alunos. O sistema telefônico é o formato mais barato que permite a interatividade em tempo real. O fax e a Internet permitem a participação dos alunos para realização de perguntas, mas inviabiliza discussões.

                 A estrutura para geração de sons e imagens será praticamente a mesma, independente do meio escolhido para tráfego do sinal. É o formato mais dispendioso porém é o que permite a maior participação de alunos e viabiliza a exibição de qualquer material como recurso didático.

                 Este sistema está sendo muito utilizado em aulas de medicina onde profissionais realizam cirurgias no centro cirúrgico em vários hospitais e sons e imagens são gerados à distância para auditórios em Centros de Convenções para públicos que variam entre duzentos e dois mil alunos, dependendo do curso.

                 Mesmo em auditórios distantes as perguntas aos professores no centro cirúrgico são realizadas em tempo real.

                 No decorrer desta pesquisa, acompanhei diversos cursos deste porte e considero valioso relatar pelo menos dois, um interligando Brasil e França e outro interligando Brasil e Washington, que por sua vez estava interligando França, Bélgica, Itália, Austrália e Canadá.

                 No Curso Internacional de Endoscopia Digestiva, cirurgias que estavam sendo realizadas ao vivo no hospital Alma Clinic de Paris foram transmitidas para o Hospital Albert Einstein em São Paulo. Cirurgias também ocorriam no centro cirúrgico do Einstein que eram transmitidas para Paris, onde em um auditório professores de vários países acompanhavam sons e imagens. Professores no auditório do Einstein, em São Paulo, também acompanhavam as cirurgias, cujas técnias eram novas e estavam sendo ensinadas aos médicos brasileiros. A interligação entre Brasil e Paris foi realizada através de dois satélites internacionais.

                 Este conjunto de sons e imagens eram gerados também para o satélite brasileiro BrasilSat 1, que por sua vez era recebido por auditórios montados em hotéis em oito capitais brasileiras, incluindo Porto Alegre, Curitiba, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, etc.

                 Nestes auditórios os alunos assistiam tanto as imagens geradas pelo Alma Clinic em Paris quanto as imagens geradas no Albert Einstein em São Paulo. E todos participavam fazendo perguntas e participando de discussões. Um Professorno centro cirúrgico do Alma Clinic executava a cirurgia e narrava as explicações; outro grupo de professores, no auditório de um hotel distante do hospital, em Paris, viam as imagens e participavam das discussões; em São Paulo, no Hospital Albert Einstein, outro grupo de professores assistiam as cirurgias e também participavam das discussões; todo esse conjunto de sons e imagens, agora adicionadas com as imagens do Einstein, era gerado via satélite brasileiro para todo o Brasil e recebido nos auditórios em várias capitais. Os médicos em Recife, Belo Horizonte ou Porto Alegre dirigiam suas perguntas para os professores em Paris, que respondiam em tempo real.

                 Neste curso dois continentes viam-se e discutiam como se os professores e alunos estivessem todos em uma sala de aula presencial.

                 Outro curso que acompanhei foi centralizado em Washington - USA. Foi montado o Curso do TCT (Sociedade Internacional de Hemodinâmica e Cardiologia), no Washington Convention Center. Nos auditórios foram distribuídos quase 10.000 (dez mil) médicos de vários países para assistirem aulas com técnicas cirúrgicas diferenciadas, desenvolvidas em diversos países, afim de comparar e estabelecer padronização mundial para determinados procedimentos.

                 França, Bélgica, Itália, Austrália, Canadá e Brasil participaram gerando sons e imagens das cirurgias.

                 No Brasil, foi montada uma estrutura de transmissão de TV nos setores de Hemodinâmica e Cardiologia com pacientes sendo operados ao vivo. Os sons e imagens foram gerados para Washington por um Up-Link (1)   apontado para um satélite internacional. Este sinal era captado por uma antena parabólica apontada para o mesmo satélite e sintonizado na mesma freqüência. O áudio retornava de Washington via canal de voz internacional o que viabilizou perguntas e respostas ao vivo e em tempo real.

                 As imagens e sons gerados pelo Brasil eram projetados em telões nos diversos auditórios do Washington Convention Center em conjunto com as imagens e sons das cirurgias geradas pelos outros países.

                 O Curso atingiu os objetivos traçados.

                 Estes cursos à distância foram possíveis graças à tecnologia disponível para a teleconferência, que reúne as características e recursos para viabilização deste processo.

                 Pudemos observar que muitas possibilidades tecnológicas existem, estão disponíveis e cada qual atende a objetivos específicos. Logo, devemos pensar os conteúdos didáticos, o público desejado, para então escolher qual o melhor recurso tecnológico para aplicação na educação.

1 -

Up-link: equipamento composto por transmissor de TV em microondas que por meio de uma antena parabólica gera sinais de áudio e vídeo diretamente ao satélite de comunicação.
O apontamento e freqüência são definidos conforme o satélite a ser utilizado